OBRAS

Primeira obra da exposição
Ao reviver memórias de minha infância lembro-me de aos 7-8 anos, ir à casa de uma vizinha e passar horas brincando com suas bonecas Polly. Claro que ao sair de casa, carregava comigo meus brinquedos pois como poderia eu, brincar com bonecas? Fazer isso escondido dos meus pais era libertador ao mesmo tempo que arriscado. E se eu fosse pega? E se uma das bonecas quebrasse em minhas mãos? E se aquela boneca fosse minha? E se eu fosse a boneca? E se ela fosse eu?
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Segunda obra da exposição
A retificação do nome e gênero na certidão de nascimento é uma etapa crucial para pessoas trans, pois representa o reconhecimento legal e a validação de suas identidades.
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Terceira obra da exposição
A imposição de preceitos binários na moda reflete uma visão limitada e restritiva, que perpetua estereótipos de gênero. Ao insistir em categorias rígidas, essa abordagem nega a diversidade e complexidade das identidades de gênero. A moda, quando adere a esses padrões, contribui para a marginalização de indivíduos que não se encaixam nesses moldes predefinidos, limitando a expressão pessoal e reforçando normas arcaicas.
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Quarta obra da exposição
Durante a infância, buscava nos outros algo semelhante para validar minha existência, mas, infelizmente, os olhares que me retornavam destacavam sempre o quanto eu era percebida como diferente. Com o tempo, esses olhares passaram a rotular essas diferenças, resultando em contínuos processos de violência psicológica. Agora, compreendendo-me como travesti, percebo os olhares que se dirigem ao meu corpo ao transitar por diferentes espaços. Alguns desses olhares continuam a me violentar mas sei que em algum lugar, alguém me observa, podendo reconhecer e validar sua própria existência através da minha jornada.
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Quinta obra da exposição
Em um mundo baseado em percepções binárias de gênero, ao reivindicar-se enquanto pessoa trans estamos sujeitas a imposições sociais para nos encaixarmos novamente em um padrão idealizado de gênero. A pressão estética que recai sobre corpos trans, faz com que vivamos constantes crises de disforia por nos vermos distantes destes ideais. O sentimento de insatisfação e rejeição do próprio corpo faz com que muitas pessoas recorram a procedimentos indevidos, na busca por se adequar a estes padrões.
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Sexta obra da exposição
Do pajubá, aquendar, significa esconder. Prática comum entre travesti, aquendar a neca - esconder o pau - consiste no ato de comprimir a genitália afim de anular o volume e causar a impressão visual de ser uma buceta.
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Sétima obra da exposição
Imagine que a cirurgia de redesignação de gênero para uma mulher trans seja comparável a um capítulo final em um livro que muitos insistem em considerar como obrigatório para validar toda a narrativa. É como se a sociedade visse essa cirurgia como a última página que deve ser alcançada para validar a jornada de uma mulher trans, ignorando ou minimizando toda a história anterior, repleta de vivências, desafios e sentimentos que compõem sua identidade. No entanto, focar apenas na cirurgia de redesignação como o ápice da transição de gênero é semelhante a julgar um livro apenas por sua conclusão, sem apreciar ou entender a complexidade e a riqueza de cada capítulo anterior. A real necessidade da cirurgia de redesignação de gênero para uma mulher trans deve ser vista como uma escolha pessoal, não como um marco final que define sua identidade, respeitando-se o direito de cada indivíduo de expressar e viver sua identidade de gênero da maneira que se sente mais autêntico e confortável.
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Oitava obra da exposição
O reducionismo genitalista é uma abordagem que simplifica a identidade de gênero para se basear exclusivamente em características genitais. No contexto dos corpos trans,essa perspectiva limitada desconsidera a complexidade das experiências transgênero, focando apenas na anatomia física. É crucial reconhecer que a identidade de gênero vai além dos órgãos genitais, abrangendo aspectos psicológicos, sociais e culturais. Ao adotar uma visão mais abrangente, podemos promover uma compreensão mais inclusiva e respeitosa das diversas identidades de gênero existentes.
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VIDEOARTE

EMARANHADOS PSIQUICOS

O conceito de ego, superego e id na teoria psicanalítica de Sigmund Freud, representando diferentes aspectos da psique humana é central para entendermos a videoarte.

O id é a parte mais primitiva e instintiva da mente, buscando a satisfação imediata dos desejos e impulsos. É guiado pelo princípio do prazer, buscando gratificação sem levar em consideração normas sociais ou consequências. O ego é a parte da mente quelida com a realidade e busca equilibrar as demandas do id com as restrições da realidade. Age conforme o princípio da realidade, considerando as consequências e adaptando-se às normas sociais para satisfazer os desejos do id de maneira aceitável. O superego representa a internalização das normas sociais, valores e moral. Ele atua como uma espécie de "juiz interno", avaliando as ações do ego à luz de padrões éticos e morais. O superego se desenvolve ao longo do tempo, influenciado pela educação, sociedade e experiências. Essas três instâncias interagem dinamicamente, formando a estrutura psíquica. O equilíbrio entre o id, ego e superego é essencial para um funcionamento psicológico saudável. Conflitos entre essas partes podem levar a diferentes formas de comportamento e, muitas vezes, são explorados em terapia psicanalítica para promover o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal.

ALEGORIA

a medica interior e a monstra do desejo

FEMMINA navega por conflitos internos relacionados à sua identidade de gênero. Imagine sua mente como um cenário intrigante e complexo, onde reside uma médica e uma monstra. A médica representa a parte racional, controlada e ética de FEMMINA, enquanto a monstra personifica os desejos, impulsos e instintos mais primitivos. Conforme FEMMINA explora sua identidade travesti, a médica e a monstra começam a confrontar-se em sua mente. Essa embate interno se intensifica à medida que FEMMINA se envolve em atividades que a conectam mais profundamente com sua verdadeira identidade.

Assim como uma médica que opera uma paciente, a médica interior deve realizar procedimentos delicados na própria psique. Ela é o guardiã da moral, da ética e do autodomínio. Sua tarefa é equilibrar os desejos e impulsos da monstra interior para manter a harmonia. No entanto, a monstra dos desejos é voraz e insaciável. Ela clama por gratificação imediata, muitas vezes ignorando as consequências a longo prazo. Como um paciente que exige cirurgias excessivas, a monstra pressiona a médica a ceder aos impulsos sem pensar nas implicações. A luta entre a médica e a monstra é constante. É um exercício de autorreflexão, autodomínio e autoconhecimento. A médica deve operar os próprios desejos com precisão, considerando cuidadosamente as ações e escolhas a serem feitas. Ela precisa encontrar um equilíbrio entre o atendimento das necessidadeslegítimas e o controle dos impulsos destrutivos. Essa analogia nos lembra que todos enfrentamos uma batalha interna entre nossa natureza racional e nossos desejos mais profundos. Encontrar o equilíbrio e operar em si mesma é um exercício de autocontrole, ética e auto descoberta que pode levar a uma vida mais equilibrada e satisfatória

A jornada de autodescoberta culmina em FEMMINA reivindicando sua identidade travesti com orgulho, integrando harmoniosamente as duas facetas de sua persona.

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